Missile Command #10: Repinagem dos Conectores 

No processo final de restauração, chegou a hora de encarar de frente a “repinagem” dos conectores de borda da placa-mãe, os Edge Connectors. O problema – conectores frouxos – foi detectado logo de início quando recebi a máquina, e explico melhor neste vídeo.

O motivo do afrouxamento é o desgaste natural que ocorre ao longo de décadas de uso. O metal acaba perdendo a pressão. Porém, o arcade não deve operar com os Edge Connectors frouxos, pois isso pode ocasionar o sobreaquecimento e, eventualmente, a falha de componentes. As alternativas para esse tipo de reparo costumam passar por soluções como o “enchimento” das trilhas da placa-mãe, acrescentando maior quantidade de material para tornar a fixação mais justa. Este processo é considerado por muitos, com razão, como uma “gambiarra”.

Outra solução é a retirada dos conectores originais e a substituição por conectores facilmente encontrados no mercado. Estes, porém, possuem terminais em que o acabamento é feito através de solda:

Edge Connector - Solder Version

Eu não estava satisfeito com nenhuma das soluções encontradas, por este motivo, pesquisei como resolver o problema mantendo o máximo da originalidade. A solução proposta foi a repinagem dos conectores.

Os Padrões Molex e Twin Leaf

Aqui entra a parte interessante da história. As placas-mãe de algumas máquinas da Atari se ligam a dois conectores: o menor é um conector 12/24, cujo case não encontrei para substituição; e o maior é um conector 22/44, o qual consegui encontrar facilmente. Com relação aos pinos, enquanto o conector menor utilizava o padrão Molex, o maior utilizava o padrão AMP Twin Leaf (dourado).

O detalhe interessante é que os pinos Molex custam cerca de 10x menos do que os Twin Leaf. Eles utilizam cases plásticos diferentes, mas que são intercambiáveis. A solução escolhida foi adotar o padrão Molex para ambos. Assim, o case menor, não disponível no mercado, poderia ser reutilizado, bastando extrair os pinos antigos e trocar por novos, enquanto o case maior (Twin Leaf) seria substituído por um case idêntico, porém no padrão Molex.

Fui bastante cauteloso antes de iniciar o procedimento. Por ser a minha primeira vez fazendo isso, eu sabia que não havia espaço para erro. A máquina estava completamente montada, de forma que eu teria que trabalhar dentro dela, no chicote original, retirando o mínimo possível de fio. O chicote original do arcade é feito sob medida, com pouca folga, e não há margem para perder comprimento de cabos.

Por este motivo, antes de trabalhar no arcade, fiz diversos testes de crimpagem em bancada até obter um acabamento bastante satisfatório e ter certeza de que eu estava apto a fazer o reparo diretamente no chicote.

O Desafio da Repinagem

Após realizados os testes, prossegui com o trabalho dentro da máquina. Foi uma tarde com direito a muita dor nas costas, com um processo cuidadoso aplicado fio a fio, que levou algumas horas.

A repinagem do menor conector, padrão 12/24, foi relativamente tranquila. Utilizei um extrator para remover os pinos originais, que foram cortados, substituídos por novos pinos, e estes reinseridos no estojo plástico. O detalhe interessante é que, ao terminar a substituição apenas dos pinos úteis, eu percebi que a pressão de encaixe do conector ainda não estava adequada. Desta forma, inseri pinos mesmo nos espaços vazios em que não havia conexão de chicote. 

O resultado ficou ótimo, com encaixe realmente mais justo.

Em seguida, passei ao conector maior. O processo era ligeiramente diferente, envolvendo cortar o chicote original sem a retirada dos pinos, pois o objetivo era substituir o case plástico por um modelo compatível com o padrão Molex. Alguns pinos foram especialmente desafiadores, pois exigiam a conexão de dois cabos do chicote no mesmo slot, tornando muito justa a aplicação.

Ambos os conectores apresentaram um encaixe perfeito, exatamente da forma desejada.

O desafio final foi ligar o arcade, que, para meu alívio, funcionou perfeitamente!

Este post é parte de uma série. Os capítulos anteriores são: 00 – Post Introdutório: A Única Forma de Jogar, 01 – A Chegada do Modelo Cocktail, 02 – Trackball: Um Controle Muito Especial, 03 – Multigame + High Score Save, 04 – Desmontagem Completa da Eletrônica, 05 – Restauração Completa do Gabinete, 06 – Zincagem e Restauração do Conjunto de Força, 07 – Montagem da Eletrônica, 08 – Trackball Iluminada x Trackball Original e 09 – O Desafio do Vidro e dos Adesivos.

O próximo post é o 11 – Segunda Trackball e Iluminação LED.

Conheça o passo a passo da restauração do Missile Command Cocktail, arcade da Atari, através do índice dos capítulos.

2 Respostas para Missile Command #10: Repinagem dos Conectores 

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