Black Widow #9: O Verdadeiro Desafio de Fazer Funcionar um Color Vector – Parte 1
Após tentar, exaustivamente, fazer funcionar o monitor color vector WG6100 do meu arcade Black Widow, eu havia refeito por completo a instalação dos transistores de chassis.
Antes de prosseguir com um novo processo de montagem do monitor, percebi que o cabo vermelho que conecta a HV cage à neck board havia soltado. Estes cabos possuem núcleos duros, com pouca flexibilidade. Portanto, é normal que, devido à intensa manipulação de montagem e desmontagem do monitor, esse tipo de incidente possa ocorrer.
O processo de soldagem deste tipo de cabo de alta voltagem é um pouco diferente e necessita ser feito com toda a segurança. O cabo deve transfixar a placa, e para isso é preciso retirar toda a solda velha, desencapar o cabo e fazer uma instalação limpa, aplicando a solda do lado contrário:
How to Bring Up a 6100 Color Vector Monitor
Um Procedimento Completamente Novo
Ao longo dos frequentes processos de montagem do WG6100 e com a troca de conversas com especialistas, fiz a valiosa descoberta de que Andrewb, o técnico responsável pelo rebuild de um dos monitores reserva que eu havia adquirido, escreveu um importante guia chamado “How to Bring Up a 6100 Color Vector Monitor”.
Partindo da constatação de que, em um monitor vetorial colorido, frequentemente um defeito causa problemas em cascata, podendo estragar diversos componentes, Andrew escreveu um cuidadoso guia que indica várias etapas sequenciais para preservar o trabalho de reconstrução de um monitor. Segundo ele, não é incomum que um monitor em perfeito funcionamento queime assim que seja ligado a um arcade com placa-mãe defeituosa, apenas para citar um exemplo.
Etapa 1 – Testar a PCB
A primeira etapa do guia de montagem é o teste e a regulagem das voltagens da placa-mãe do jogo, justamente o que fiz com o funcionamento do osciloscópio.
Etapa 2 – Testar os Transistores de Chassis
A segunda etapa foi o teste dos transistores de chassis, procedimento que fiz com muito cuidado no capítulo anterior a este, incluindo a substituição de todos os transistores.
Etapa 3 – Inspeção Visual das Placas, dos Conectores e dos Cabos
Pode parecer uma recomendação muito básica, mas a terceira etapa é importantíssima, foi através dela que percebi a quebra do cabo vermelho que se conecta à neck board, por exemplo. Durante o processo de montagem da HV cage e da deflection board no chassis, esse procedimento deve ser realizado atentamente.
Em especial, é preciso verificar também se todos os cabos de aterramento estão presos firmemente ao chassis do monitor.
Etapa 4 – Primeiro Teste: Low Voltage Section
Para o início dos testes, o monitor deve estar montado da seguinte forma: sem a conexão dos cabos da gaiola de alta voltagem, sem o chassis, sem demais conectores e com a neck board desconectada. O único cabo que deve estar conectado à placa defletora é a degaussing coil, com 2 pinos, que fica do lado esquerdo traseiro da placa:
Perceba que nesta montagem eu apoiei o monitor fora da máquina através de um cabo extensor especial, mais longo, o qual mandei fabricar especialmente para facilitar esse tipo de diagnóstico. Este cabo deve estar conectado ao chicote original do arcade, pois fornecerá energia para os testes.
A PCB deve estar idealmente desconectada durante este processo. Existe também a presunção de que a placa de baixa voltagem conhecida como LV2000 ou LV-2K foi instalada na deflection board, um procedimento basicamente padrão nos processos de reconstrução do monitor.
O objetivo é verificar se a LV-2K está gerando cerca de 26V a 28V em suas fases positiva e negativa, respectivamente nos pinos 3 e 6.
Nos meus testes, os parâmetros estavam dentro do ideal, com 26.6V.
Etapa 5 – Deflection System: Nova Falha
Na etapa 5 os testes de verdade começam. Aqui é possível perceber se o sistema de deflexão dos vetores está funcionando, o que é o ponto mais crítico de todo o mecanismo. Foi justamente nesta parte que eu obtive nova indicação de spot killer, o que determina uma falha e indica a necessidade de uma nova verificação dos transistores de chassis.
Neste momento, eu percebi que um dos transistores havia apresentado defeito, acusando continuidade em circuito que deveria estar aberto – indicação de um curto-circuito (“shorted”).
O transistor Q103, testado na imagem, é um transistor de potência, não de deflexão. Porém a sua falha ocasiona o acionamento do circuito de spot killer. Ocorre que, em geral, a falha de um transistor não é o problema, mas sim um sintoma. Ou seja, quando outro componente apresenta defeito, muitas vezes o transistor queima.
A partir deste momento, eu já estava considerando aguardar receber outro conjunto de placas de monitor para poder testar novamente.
Este post é parte de uma série. Os capítulos anteriores são: Post Introdutório: Arcades Vetoriais Coloridos, 01 – Uma Conversão a Partir do Gravitar, 02 – Tentativa de Reviver os Vetores Coloridos, 03 – WG6100 Monitor Rebuild: Um Desafio Gigante, 04 – Monitor Extraviado e a Dificuldade de Conseguir Outro, 05 – AVG Chip: O Componente que Vai Falhar, 06 – WG6100: O Desafio de Montar um Novo Monitor, 07 – Testando um Arcade Vetorial com Osciloscópio e 08 – A Substituição dos Transistores de Chassis do WG6100.
O próximo post é o 10 – O Verdadeiro Desafio de Fazer Funcionar um Color Vector – Parte 2.
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