Black Widow #2: Tentativa de Reviver os Vetores Coloridos

Quando recebi o meu arcade Black Widow, ele funcionava perfeitamente. Porém, não demorou muito para apresentar o famoso colapso horizontal em um dos lados. A tela se fecha e apenas metade da imagem aparece – e, na foto a seguir, ambos os lados se fecharam, permanecendo apenas uma linha vertical sendo desenhada.

Há mais um detalhe para tornar este tipo de diagnóstico confuso: os primeiros monitores de arcades eram montados na vertical, enquanto no Black Widow o monitor é montado na horizontal. Por este motivo, se formos considerar a orientação original do monitor, em que o vertical é o maior eixo, que no Black Widow está “deitado”, este problema pode ser denominado como um “colapso vertical”.

Com o passar do tempo, o problema foi ficando pior, até que a imagem sumiu por completo. O jogo parecia não iniciar mais e ficou alguns anos sem funcionamento, por falta de conhecimento da minha parte, da mesma forma que citei no primeiro post sobre a restauração do Asteroids.

Isso mudou quando conheci Vanderlei Priori, da Supertilt, quem me ajudou a consertar o Space Invaders, da Taito. Ele me apresentou a um especialista em conserto de placas-mãe, o Daniel, do interior de São Paulo. Juntos, começamos a recuperar o Black Widow fazendo o que estava ao nosso alcance. Vanderlei retirou o conjunto de força (power brick) do arcade, que estava em péssimo estado de conservação, apresentando corrosão geral. Veja o antes e depois do processo de zincagem do power brick:

Enquanto isso, o técnico realizava diversos testes e detectou problemas na placa-mãe, que foi retirada e levada para seu laboratório.

Nos testes de bancada em laboratório, a placa-mãe funcionou no osciloscópio (falarei mais sobre isso nos capítulos seguintes):

Ao receber a placa de volta, o famoso colapso de monitor se apresentou novamente, porém já era possível escutar os sons do jogo. Quando isso ocorre, sabemos que a placa-mãe e o conjunto de força estão bons, e chamamos isso de playing blind.

Naquele momento, paramos em um beco sem saída. Nem o Daniel nem o Vanderlei mexiam com monitores e, no caso do vetorial colorido, ninguém no Brasil sabia consertá-lo, pois é uma tecnologia que não veio para cá na época.

A partir dessa constatação, ficou evidente para mim que, se eu quisesse ver o meu arcade funcionando novamente, teria que adquirir as ferramentas necessárias e ler bastante sobre o reparo desse tipo de monitor. Caberia a mim o conserto.

Como eu já havia reparado com sucesso o monitor do Asteroids, imaginei que consertar o Black Widow seria parecido. Mal sabia eu o quão longe estava da verdade.

Este post é parte de uma série. Os capítulos anteriores são: Post Introdutório: Arcades Vetoriais Coloridos e 01 – Uma Conversão a Partir do Gravitar.

O próximo post é o 03 – WG6100 Monitor Rebuild: Um Desafio Gigante.

Conheça o passo a passo da restauração do Black Widow, arcade da Atari, através do índice dos capítulos.