Breakout #03: Retirada do Monitor para Reparos no Exterior
Após realizar os testes e diagnosticar que o monitor TEC TM-600 do arcade Breakout, da Atari, estava com problemas, resolvi desmontar o chassis para envio das placas ao exterior para reparos. O objetivo era aproveitar o frete de outro monitor, também em preto e branco, que seria enviado para um especialista. Este segundo monitor era do arcade Tank II, o qual eu seguia reformando em paralelo.

Ao longo dos anos, os gabinetes de arcade foram evoluindo. Em alguns mais antigos, especialmente da Era de Bronze, retirar algumas peças costuma ser mais trabalhoso. Eu logo descobri que a retirada do monitor do Breakoutnão seria feita apenas soltando alguns parafusos, pois todos os acabamentos estavam muito bem encaixados na curvatura do tubo:


Para retirar o monitor, o primeiro passo é soltar o painel de controle. Para isso, deve-se abrir a coin door, desconectar os plugs Mate-N-Lok e soltar as arruelas dos carriage bolts.

Após liberar o control panel, é possível perceber que as camadas de acrílicos e moldura se encaixam perfeitamente sobre o acabamento de madeira do gabinete. Uma coisa a se admirar é que os gabinetes de arcades dessa época costumavam ser muito bem construídos, com uma precisão de medidas impressionante para uma fabricação em série que tinha várias etapas artesanais ou manuais na montagem. Frequentemente, a folga é milimétrica e os componentes se encaixam de forma muito precisa.

A partir daí, a desmontagem exige retirar o “sanduíche” de acabamentos, começando pelo plexi:

Em seguida, a remoção do acrílico fumê, quase sempre presente com o objetivo de ocultar as marcas de burn dos tubos:

E, por fim, a retirada do bezel, ou moldura. No caso do Breakout, a moldura é muito bem feita e praticamente insubstituível, pois, além de não ser pequena, é moldada de forma bastante precisa para acomodar, na parte de baixo, a curvatura exata do tubo e, na parte de cima, suportar o peso dos acrílicos.

Por fim, chegamos ao chassis, que fica preso em uma plataforma de madeira para facilitar sua retirada. Agora, sim, é possível apenas puxar a peça pela parte de trás do gabinete. Importante: sempre verificar se o plug conector do monitor está solto!

Comparativo entre Monitores: Breakout e Super Breakout
A seguir estão, lado a lado, os monitores do Breakout (à esquerda) e do Super Breakout (à direita), lembrando que ambos são da marca TEC, modelos TM-600. A Atari também fornecia esses gabinetes com outras versões de monitores, por exemplo, da marca Wells-Gardner.
É possível observar algumas curiosidades ao comparar ambos. A começar pela faixa azul estreita, que representa o movimento da raquete, em posições opostas em cada tubo. No Breakout, curiosamente, o chassis tem sua parte inferior voltada para o lado direito ao ser instalado no gabinete, enquanto no Super Breakout a posição é contrária, ficando a parte inferior do chassis voltada para o lado esquerdo.

O mais interessante, para mim, é perceber a evolução em pequenas coisas, como os géis de coloração da tela. O Breakout apresenta tiras de gel coladas diretamente sobre o tubo, assim como no arcade Space Invaders. Elas são de excepcional qualidade, produzidas em um plástico grosso que não solta nem perde a cor. Enquanto isso, o Super Breakout, visto na foto anterior, já apresenta uma evolução que é o overlay, apenas posicionado sobre o tubo, facilitando muito em caso de necessidade de substituição.

Seguem, também, algumas comparações entre os chassis dos dois monitores, com anotações na forma de legendas:







Desmontagem do Monitor do Breakout
Antes de desmontar o monitor do arcade Breakout, verifiquei todos os fusíveis, apenas para ter certeza de que o problema não seria algo bastante simples de resolver. Avaliar os fusíveis é o procedimento mais básico, e por duas vezes (no Space Invaders e no Asteroids Deluxe) foi exatamente esse o problema que o monitor apresentou.

Também optei por fazer uma limpeza geral no tubo e nas placas. Este vídeo é apenas para dar uma ideia da quantidade de poeira que é possível eliminar de um tubo que estava voltado para cima, isto é, na posição em que menos está sujeito a receber pó. Mesmo assim, a eletricidade estática gerada pelo tubo é uma das responsáveis pela atração das partículas.
A separação para reparos demanda enviar somente o chassis com as placas do monitor. Antes de mexer, é importante sempre verificar se o tubo foi descarregado com a utilização de uma sonda de alta tensão (high tension probe):

Depois, é importante fazer uma ampla documentação fotográfica, sobretudo nos pontos de conexão dos cabos, e, então, soltar a neck board e o anodo do flyback. Após esses procedimentos, deve-se desparafusar a base metálica do restante do chassis.



O monitor se separa do tubo da seguinte forma:

Trabalho feito, a chapa deve ser acomodada em uma caixa de papelão bem resistente, com suporte de espuma na parte inferior (que tem contato com o fundo do chassi) e plástico-bolha ao redor de tudo, com especial cuidado para revestir ou proteger o flyback.

Este post é parte de uma série. Os capítulos anteriores são 01 – A Eletrônica Parecia OK, mas Havia Surpresas e 02 – Testes com o Monitor do Super Breakout.
O próximo post é o 04 – Retirada da Placa-Mãe para Reparos.
Conheça o passo a passo da restauração do Arcade Breakout da Atari, através do índice dos capítulos.