Arcades – Técnicas de Restauração – Introdução

“Arcade restore”, com abreviação do termo “restoration”, é uma prática comum principalmente nos Estados Unidos, mas pouco vista no Brasil, até mesmo pelo contexto histórico: poucos arcade games americanos circularam por aqui, ao contrário dos pinballs, que tiveram maior presença na década de 80.

Como a maior parte dos arcades clássicos existiu entre as décadas de 70 e 80, hoje, quase meio século depois, os colecionadores se dividem entre manter os arcades originais tanto quanto possível ou restaurá-los a ponto de ficarem, em alguns casos, quase como novos. As alterações podem ser estéticas ou funcionais, neste último caso, focadas nos eletrônicos.

Os arcades que precisam ser restaurados são considerados, pelos colecionadores, como “projetos”: é comum achar em fóruns e grupos menções a um arcade sendo vendido como “project”. Geralmente, esta denominação é utilizada para aqueles games que não funcionam, necessitam de reparos ou tiveram um processo iniciado, mas não concluído.

Como avaliar um candidato a restauração?

Os arcades que podem ser restaurados são considerados com relação à viabilidade de salvar algum aspecto de sua originalidade, com base em principalmente dois fatores:

• Restauração estética: um arcade com funcionamento preservado e gabinete em estado ruim costuma ser um candidato natural a restauração, uma vez que é possível encontrar em diversas lojas nos Estados Unidos e na Europa conjuntos de adesivos, acrílicos e outros componentes que permitem o reparo de peças visualmente importantes. Alguns arcades possuem pintura aplicada diretamente na madeira ou em componentes plásticos e metálicos, tornando mais difícil a restauração. Enquanto alguns colecionadores aceitam que a adesivagem deste tipo de peça constitui restauro do arcade original, outros a recusam ou preferem que o processo seja feito com repintura, o que é naturalmente mais complexo e caro.

• Restauração eletrônica: o principal componente de um arcade, e sua peça eletrônica mais cara, costuma ser a placa-mãe ou, em caso de arcades vetoriais coloridos, as placas do monitor. Portanto, antes de iniciar o processo de restauração de um arcade que não está funcionando, é importante tentar identificar se ele possui todas as peças no lugar e se é possível determinar se o problema é na placa-mãe, na fonte ou no monitor. Enquanto há placas e alguns componentes à venda no mercado, outros são simplesmente muitos caros para serem adquiridos avulsos e podem inviabilizar o processo.

Nos Estados Unidos, é bastante comum que os arcades sejam armazenados em porões, áreas suscetíveis a inundações provenientes de falhas no encanamento ou enchentes. Portanto, um dos fatores a se levar em conta antes de adquirir um arcade é identificar se o gabinete possui sinais de água.

Os gabinetes danificados dessa maneira muitas vezes têm o estrago limitado à parte inferior. Neste caso, um marceneiro habilidoso deve ser capaz de trocar o fundo e restaurar as bordas. Recentemente, têm surgido no mercado alguns gabinetes novos – idênticos aos originais –, para os quais alguns restauradores transferem todos os componentes eletrônicos da época. Há uma intensa discussão sobre se isso pode ser considerado uma réplica ou não, uma vez que o limite entre um gabinete restaurado e um reproduzido pode ser tênue e envolver não somente a parte externa, mas também seus componentes.

O cenário de um gabinete em estado muito ruim leva a pensar na possibilidade de  desmontá-lo para vender peças e componentes de forma avulsa, o que pode valer mais dinheiro. Entretanto, esta prática é malvista entre colecionadores de forma geral, cujo intuito costuma ser a preservação.

Confira o primeiro post da série: Um Gabinete sem Placa-Mãe.

Conheça passo a passo a restauração do Space Invaders japonês, da Taito, através do índice dos capítulos.