Space Invaders #1: Um Gabinete sem Placa-Mãe
Eu já colecionava arcades quando me deparei com a oportunidade de comprar este autêntico Space Invaders. Por um ótimo preço, consegui adquirir o gabinete de uma pessoa que me explicou que “só faltava uma peça”, justamente, a placa-mãe, também conhecida como PCB.
Na época, sem maiores conhecimentos sobre restauração, pensei que esta seria uma tarefa fácil. Afinal, uma máquina extremamente popular na sua época, Space Invaders teve a produção de inacreditáveis 400.000 gabinetes até 1979 somente no Japão, com mais 350.000 ao redor do mundo. Até mesmo para os padrões da época, este número é excessivo, pois poucos arcades de sucesso chegariam, nos anos seguintes, a mais 50 mil unidades.
Qual seria a dificuldade de achar uma placa-mãe original?
Esta é uma ótima pergunta, tanto é que passei cerca de 6 anos procurando uma placa original do Space Invaders da Taito em perfeito estado de funcionamento. Nunca achei, deparei-me somente com placas de lançamentos posteriores de sequências do jogo.
Até que um dia desisti da procura e fui em busca da solução adotada por alguns colecionadores de instalar uma placa da Midway: o mesmo jogo, porém em versão lançada na América.
Taito x Midway
As diferenças de aparência entre os gabinetes da Taito e da Midway são gritantes. No meu gosto, a versão japonesa é muito mais elegante e colecionável. Porém, ela é mais rara que a versão da Midway, principalmente deste lado do oceano. Já na Ásia e na Europa, a versão da Taito é predominante entre os colecionadores.
Um fato interessante é a disposição dos controles de jogo: enquanto a versão japonesa opera o movimento com um joystick de um eixo (“2-way joystick”), a Midway, na versão americana, optou por inserir botões para movimentos à esquerda e à direita.
A versão japonesa da placa-mãe é disposta por duas partes montadas na forma de sanduíche e conectadas por flat cables. Já a versão americana é montada em formato de “L” e possui a pinagem ligeiramente diferente, exigindo uma adaptação nos conectores.
Eu consegui adquirir duas placas da Midway, sem saber o estado de funcionamento delas. É muito comum encontrar no mercado placas-mãe “não testadas”. Se o vendedor for honesto, pode acontecer de ele simplesmente não ter uma máquina para ligar as placas e comprovar o funcionamento. Já se for desonesto, pode ser que esteja vendendo uma placa defeituosa como “not tested”.
Eu tive sorte: as duas placas que comprei se revelaram plenamente funcionais. Entretanto, o maior desafio foi a adaptação.
Adaptando Uma Placa Midway no Arcade Taito
O primeiro passo foi comprar no mercado um adaptador macho que permite soldar cabos e conectar a um terminal fêmea sem a necessidade de desmanchar o chicote original, o que seria péssimo em termos de manter a originalidade e a confiabilidade da máquina. Encontrei essa raridade com um colecionador europeu que fabricou algumas unidades.
Após adquirir o adaptador, deparei-me com a primeira dificuldade: entender a pinagem da placa. Existem alguns guias na internet, entretanto nenhum deles parecia servir para o modelo que eu tinha em mãos. Após muito procurar e pesquisar, descobri que ambas as placas que eu havia adquirido eram versões “cocktail” do arcade, chamadas de Space Invaders Deluxe e que receberam adaptações estéticas (mais sobre isso nos posts seguintes). Portanto, havia alguns pinos a mais para permitir o “flip” de tela quando dois jogadores sentam frente a frente para jogar em um arcade de mesa.
Pinagem resolvida, consegui instalar a placa-mãe de forma perfeita dentro do gabinete, ocupando boa parte da seção inferior. Em seguida, era hora de fazer funcionar o arcade, finalmente, após tantos anos.
Após Décadas, Funcionando
O resultado revelou que a restauração não seria tão rápida: o monitor apresentou defeito na exibição das imagens e exigiria reparo. Aí começou um grande problema, uma vez que este monitor japonês com 50 anos de idade já era completamente desconhecido dos técnicos da época, sem contar a dificuldade de conseguir um profissional que trabalhe com monitores de tubo nos dias de hoje.
O tubo em si, na verdade, não estraga, apenas fica marcado com o passar dos anos, um efeito conhecido como “burn”. O que costumamos reparar, e que chamamos de monitor, são as placas lógicas.
Este post continua na Parte 2: Reparando o Monitor.
Ainda tem a máquina? Esta a venda?
Welton, como vai? Ainda tenho sim, mas não estou vendendo esta. Vou lhe passar um e-mail. Abraço.
Fui operador de pinball eletromecânico e Arcade ente 82 e finais dos 90 possuo algumas placas taito Arcade como space invaders ii taito para quem possa interessar tenho peças antigas novas e usadas
Olá José, que prazer falar com você. Vou enviar uma mensagem! Abraços
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