Inca #10: A Longa Sequência de Reparos do Monitor XM-501 – Parte 2

Com o monitor Motorola XM-501 em preto e branco do Inca tendo o circuito de imagem funcionando perfeitamente, porém com a suspeita de que o retorno de 5V para a parte lógica não estivesse operacional, resolvi fazer uma série de testes de voltagem antes de enviá-lo novamente para reparos, conforme indicações do manual e também orientação do especialista Mike Kessler, que havia acabado de consertar os boardsets.

O cenário era este: o monitor na bancada, conectado ao chicote do gabinete de arcade Inca, da PMC Electronics, através de um cabo extensor.

Inca Arcade Cabinet by PMC Electronics - Motorola XM-501 Monitor

Ao lado, o tablet com o esquemático para testes.

Primeiro, medi o capacitor a óleo, acusando quase 400VDC, e com o residual AC baixo, o que indicava boa capacidade.

Em seguida, realizei um ajuste importantíssimo: a tensão B+, que alimenta diretamente o flyback, que, por sua vez, vai gerar milhares de volts para o tubo. Na medição inicial, o circuito estava gerando 81VDC, quando o correto é 73V.

Apenas por curiosidade: em monitores vetoriais coloridos, como os do Black Widow e do Space Duel, essa tensão é bem maior e chega a 181V. O flyback do XM-501 é capaz de gerar até 16.000V, enquanto um vector color da Atari passa de 19.000V, e, nos modelos da Sega, como do arcade Star Trek, pode chegar a 22.000V.

Em seguida, medi várias tensões diferentes em pontos de teste da placa defletora do XM-501: ponto de 30V (medição 29,6), ponto de 150V (medição 143), ponto de 6,3V (medição 7,1) – essa variação é comum, estando tudo dentro do esperado.

Com as tensões da placa defletora 100% corretas (e o circuito de imagem plenamente funcional), parti finalmente para o teste da tensão de retorno, que deveria alimentar tanto as placas lógicas como os alto-falantes do gabinete.

O primeiro teste deveria acusar entre 12V e 13V, sendo 12VDC a tensão nominal para os alto-falantes. No segundo teste, esperava-se algo ao redor de 5V como retorno para a alimentação das placas-mãe, das placas lógicas ou doboardset, neste caso, responsáveis pelo jogo.

Como se pode perceber, houve uma falha completa, estando a tensão zerada – esta foi a primeira vez que vi isso acontecer em um monitor em preto e branco.

Aí chega o momento de desespero: checar os fusíveis do chassis do monitor. O F1 é o responsável pela proteção da entrada AC de 110V, enquanto o F2 protege o circuito do flyback. Conforme esperado, ambos estavam funcionando.

A partir daí, todos os testes que fiz em inúmeros componentes da placa, como capacitores, transistores e resistores, foram realizados a pedido de Mike Kessler, responsável pelo reparo dos boardsets. Mike me ajudou espontaneamente, de forma remota, com todo o diagnóstico do monitor, sem cobrar nada por isso. Foi realmente surpreendente.

Portanto, das imagens abaixo, eu não estava entendendo absolutamente nada do que estava fazendo, apenas fui medindo e passando imagens ao Mike até encerrar o dia.

Por fim, retirei a placa auxiliar que faz a regulação das tensões da fonteapliquei DeoxIT nos conectores e montei novamente, só para ter certeza de que não havia nenhum mau contato.

Este post é parte de uma série. Os capítulos anteriores são: Inca ou Inca Boss – A História do Único Exemplar do Arcade no Mundo, Boss e Blue Line – Os Arcade Games do Inca, A Complexa Eletrônica do Inca, da PMC, 01 – Um Arcade Game NOVO Guardado por 50 Anos, 02 – Importação do Gabinete sem a Parte Lógica, 03 – Limpeza: Voltando ao Estado de Novo, 04 – Monitor: Novo, mas Precisando de Reparos, 05 – A Longa Jornada de Reparo dos Boardsets, 06 – Um Segundo Gabinete de Inca?, 07 – Chegada dos Boardsets ao Brasil, 08 – Coin Box: Nova Zincagem e 09 – A Longa Sequência de Reparos do Monitor XM-501 – Parte 1.

O próximo post é o 11 – A Longa Sequência de Reparos do Monitor XM-501 – Parte 3.

Conheça o passo a passo da restauração do gabinete Inca, da PMC Electronics, através do índice dos capítulos.

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