Inca #09: A Longa Sequência de Reparos do Monitor XM-501 – Parte 1
Em algumas restaurações, parece que nada é fácil. Por ter comprado o gabinete de arcade Inca, da PMC Electronics, em estado de novo (NOS, ou New Old Stock), eu jamais imaginaria passar pelo processo de reparos quase impossíveis no boardset lógico, conforme contei de forma simplificada em posts anteriores.
Porém, eu esperava ainda menos ter que passar por diversos reparos no monitor, um Motorola XM-501 em preto e branco de ótima qualidade e aparentemente funcionando, com a presença do esperado glow laranja no pescoço.

Como nos testes iniciais não consegui obter imagem no monitor, o encaminhei para reparos na Chip Notebooks, e, algumas semanas depois, estava com ele de volta.

O primeiro teste que fiz, ainda antes da chegada dos boardsets ao Brasil, foi em um jogo que eu estava começando a restaurar, mas que já funcionava, o Video Pinball, da Atari.


O teste foi perfeito: o monitor estava funcionando com uma imagem excepcional e, ainda por cima, com um dos glows mais fortes que já vi, possivelmente devido ao seu estado de novo:

A cada vez que o monitor é retirado do gabinete do Inca para conserto, e depois é colocado novamente, é preciso fazer a sequência de extrair e posteriormente fixar as hastes metálicas que prendem o chassis ao gabinete.




Nesta instalação, aproveitei para substituir os parafusos originais, que possuíam cabeça para fenda. Como são parafusos longos, a inserção e a retirada se tornam muito perigosas e falhas, uma vez que a chave de fenda tende a escapar. Troquei por parafusos um pouco mais reforçados e longos, porém com cabeça Philips.



O chassis do monitor Motorola XM-501, após instalado no gabinete do Inca, fica desta forma:

E, para ter certeza de que continuava funcionando, fiz mais um teste com o Video Pinball:

Mesmo assim, eu ainda não conseguia fazer o monitor do Inca reproduzir o jogo Mirco Challenge:

Este game só funcionava em seu próprio monitor, que é o mesmo do Inca – o Motorola XM-501.

Aí vem uma diferença importante, que eu expliquei bastante no vídeo sobre a restauração do arcade Circus, da Exidy: alguns jogos, como Breakout, Super Breakout e até mesmo o Video Pinball, todos da Atari, possuem conjuntos de força que alimentam diretamente a placa-mãe do jogo em separado do monitor. Já outros, como o próprio Circus, exigem o retorno de corrente contínua de 5V a partir do monitor para poderem funcionar corretamente. É o monitor que alimenta a placa-mãe neste caso.
E o Inca, assim como o Mirco Challenge, funciona exatamente dessa forma: não existe nenhuma fonte transformadora no gabinete, exceto aquela do monitor. Pelo fato de o monitor do Inca funcionar no Video Pinball, mas não no Mirco, eu estava chegando à conclusão de que o retorno de corrente contínua do monitor não estava funcionando.Eu não coloco a culpa na Chip Notebooks, afinal de contas, estamos falando de tecnologia com 50 anos de existência, em que não existe padronização: alguns monitores em preto e branco daquela época vinham com saída 5V de fábrica, outros, não, e alguns ainda traziam a saída em 12V para os alto-falantes (o monitor do Inca deveria trazer todas). Na prática, existia uma série de opcionais que o fabricante do jogo de arcade especificava ao comprar o lote de monitores.
Este post é parte de uma série. Os capítulos anteriores são: Inca ou Inca Boss – A História do Único Exemplar do Arcade no Mundo, Boss e Blue Line – Os Arcade Games do Inca, A Complexa Eletrônica do Inca, da PMC, 01 – Um Arcade Game NOVO Guardado por 50 Anos, 02 – Importação do Gabinete sem a Parte Lógica, 03 – Limpeza: Voltando ao Estado de Novo, 04 – Monitor: Novo, mas Precisando de Reparos, 05 – A Longa Jornada de Reparo dos Boardsets, 06 – Um Segundo Gabinete de Inca?, 07 – Chegada dos Boardsets ao Brasil e 08 – Coin Box: Nova Zincagem.
O próximo post é o 10 – A Longa Sequência de Reparos do Monitor XM-501 – Parte 2.