Redes Georreferenciáveis não Decolam
Veja vídeo com entrevista ao final da matéria.
Há algum tempo se fala sobre as redes sociais georreferenciáveis, “geotagged” ou “location based”. Exemplos mais comuns: Foursquare e Google Latitude. Alguns especialistas apostam que elas estão na crista da nova onda das comunidades interativas. Porém, elas não decolam.
Qual o motivo?
Foursquare é uma furada
O conceito inicial do Foursquare é bem bolado, até que o uso revela suas falhas. Para quem não conhece, o Foursquare possui uma ampla lista de localidades, incluindo empresas, restaurantes e atrações turísticas, entre outros. O usuário Foursquare pode “checar” nos lugares (procedimento de fazer “check-in“), indicando que está naquele local em determinado momento. Além disso pode deixar reviews e comentários públicos.
O Foursquare é instalado nos celulares e se comunica com o GPS dos mesmos para indicar locais próximos, sugerindo visitação e facilitando o check-in. Aqui está a principal falha do serviço. A indicação de GPS não é precisa ou obrigatória, portanto o usuário pode checar quantas vezes quiser nos locais que bem entender, por mais absurdo que pareça (até mesmo em aparelhos sem GPS). Como o uso da rede e o número de check-ins contribui para a conquista de “badges”, que por sua vez, dão ar de “status” ao usuário, logo esta lógica é furada e corrupta, induzindo a comportamentos mentirosos.
O segundo principal problema é que o Foursquare embute mais uma “obrigação” para o usuário: ficar checando toda hora. No início pode ser legal, mas logo se torna cansativo, pois não há método nativo para check-in automático (aplicativos estão sendo criados para esta finalidade).
Resumindo, além de exigir cuidados com privacidade ou segurança na divulgação de sua localização, a ferramenta cai em descrédito pela forma popular e sem critério a partir da qual foi criada.
Google Latitude é pouco utilizado
O conceito do Google Latitude é baseado na localização geográfica dos seus amigos. Mediante autorização, você pode verificar onde eles se encontram a qualquer momento. Imediatamente eu penso no “MSN” da localização geográfica. O conceito é interessante, porém o maior problema é a falta de integração e, por consequência, a falta de adesão.
Se o conceito do Latitude fosse integrado com o Messenger (alô, Microsoft), de fato seria muito mais útil. Seus amigos já estão na lista, você saberia onde eles estão e poderia saber se estão próximos a você no caso de deslocamentos, encontros ou reuniões. Além do mais, saberia se estão disponíveis ou não. Porém, da forma isolada como foi construído (ao menos neste momento, enquanto o Google ainda integra todas as suas ferramentas), é mais uma rede social para aderir e monitorar.
Entretanto, o Latitude é uma grande promessa futura, que tornará possível, dentro de uma empresa, marcar reuniões com sua equipe, monitorar o deslocamento do pessoal de vendas e realizar diversos tipos de comunicação integrada, desde que se utilize o Calendar, Gmail, Android e outras ferramentas do Google, dentro dos seus planos de dominação global.
Solução: Convergência
Para que sejam amplamente utilizadas, as novas redes sociais precisam convergir e se integrar com aquelas já existentes. As pessoas não têm tempo para aprender e monitorar mais uma ferramenta. Todos já estão ocupados demais com as “obrigações tecnológicas” criadas e impostas pela sociedade. Chega, está na hora de criar mecanismos realmente úteis.
Pingback: Foursquare já tem versão 3.0 | Magic Blog
Antônio, já deixei comentário em outra seção, assisti a matéria e quero deixar os parabéns, você explicou muito bem o assunto para os leigos como eu! Fantástico!
Olá Gabriel, agradeço novamente os sinceros elogios, fico contente de saber que ajudei na compreensão do tema. Abraços.
Outro ponto que as redes georreferenciáveis não dão certo é a utilização de pacote de dados para essas tarefas, poucas pessoas que conheço possuem um smartphone ainda mais com 3g. Os pacotes de dados no Brasil é um dos mais caros que existe, então isso não desperta interesse as pessoas.
Também vejo algumas pessoas não demonstrando muito interesse em possuir um smartphone, e como você falou também “As pessoas não têm tempo para aprender e monitorar mais uma ferramenta”.
Bacana o post!
Olá Rafael, valeu pelo comentário! De fato, o que você falou procede, é mais um motivo que dificulta a ampla utilização, mas a venda de pacotes 3G e também de smartphones tem crescido muito! Agora, no meu ver, integração entre as redes é o principal desafio futuro. Abraços!