Tank II #01: Um Gabinete Necessitando de Reforma Completa
Ao comprar o arcade Tank II, da Kee Games, eu levei em conta o fato de que tanto o painel de controle (control panel) como o plexiglass (plexi, acrílico ou, neste caso, o marquee, que é integrado) estavam em excelente estado. Estes dois itens são quase impossíveis de conseguir para substituição:


Nessas fotos, embora muito ruins, pode-se notar que a eletrônica é 100% original – o monitor preto e branco da Motorola, modelo XM 501-10, a placa-mãe (placa lógica ou PCB) dupla e a fonte de alimentação.
Foi somente ao receber o arcade game no Brasil que pude fazer a avaliação completa do estado de conservação. Os principais itens (CP e plexi), conforme observado no anúncio, realmente estavam em excelente estado:

Porém, foi possível perceber claramente que seria indispensável fazer uma restauração do gabinete:



A etiqueta com número de série, obviamente, é um item muito importante que, quando existe em estado original, deve ser preservado durante a reforma:

E, na back door do gabinete, mais uma vez, podemos notar a presença da “fechadura universal” – o bom e velho parafuso:

Por dentro, o gabinete estava com bastante sujeira – uma limpeza de verdade seria necessária aqui:



O monitor preto e branco que veio neste gabinete foi o clássico XM 501 da Motorola. Nem sempre todos os gabinetes de um jogo são fornecidos com a mesma marca de monitor. Na década de 1970, com o nascente mercado de arcade games em ebulição, era comum que os fabricantes trabalhassem com o que estivesse disponível, trocando de marca em diferentes lotes de produção.


A placa-mãe foi recebida em separado do gabinete, e, de cara, percebi algumas características de que não gostei. A principal delas foi que, da mesma maneira que no gabinete do arcade Breakout, alguém havia feito um bypass da alimentação de energia devido à queima dos conectores de borda:


Na parte de trás da placa, era possível perceber bem a marca de queimado, porém com reparos já feitos nas trilhas lógicas. Aparentemente, o maior problema foi a dificuldade de realizar um reparo adequado na trilha do edge connector.

Outro problema foi a presença de vários fios realizando extensões na placa, conectados a capacitores radiais. Isso é indicativo de falta de cuidado – a pessoa que fez reparos não tinha capacitores axiais em mãos e acabou utilizando o que tinha disponível. Não seria surpreendente se os componentes estivessem, inclusive, fora de especificação – tudo indicava que sim pela presença de capacitores de pequeno tamanho em locais projetados para armazenar componentes maiores.

Veja a seguir a diferença entre capacitores axiais e radiais:

Enfim, eu acomodei as placas no gabinete e conectei o cabo de alimentação em separado, do jeito como estava:



O teste indicou que a placa-mãe estava funcionando; porém, o monitor estava com defeito. Isso ocorre quando é possível ouvir o som do jogo mas não há imagem na tela, uma condição chamada de “jogar às cegas” ou, no original em inglês, “playing blind”. Quando alguém menciona que um arcade game “is playing blind”, significa que a placa parece funcionar, mas o monitor, não.
E assim iniciaríamos mais um desafio de consertar um monitor com 50 anos de idade.
Este post é parte de uma série. O capítulo anterior é Post Introdutório: Tank II, da Kee Games – O Precursor do Combat, do Atari 2600.
O próximo post é o 02 – Monitor Motorola Preto e Branco com Defeito.
Conheça o passo a passo da restauração do Arcade Tank da Kee Games através do índice dos capítulos.